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O curioso caso das ruas Primeiro de Janeiro

  • Maria K. R. Silva
  • 16 de set. de 2016
  • 3 min de leitura

Conheça os desafios dos moradores do bairro Caxiense com duas ruas com o mesmo nome, CEP e números


Digite “Rua Primeiro de Janeiro” no Google e prepare-se para ficar perdido. A cada momento, um resultado diferente. Há em torno de 5 ruas com o mesmo nome e numeração em Duque de Caxias.

Entretanto, no bairro Jardim Rotsen, a situação se torna ainda mais peculiar: como se não bastassem duas ruas homônimas, as vias têm o mesmo CEP e numeração, deixando entregadores, carteiros e moradores confusos há quase meio século.

Rua Pacajús, vizinha às ruas Primeiro de Janeiro. Por Gilson Leite da Silva

Neila Caetano mora em Jardim Rotsen há mais de 30 anos, desde que nasceu, praticamente. Ela afirma que desde se entende por gente, a situação se encontra deste jeito.

“Conviver com o mesmo endereço que outra pessoa é chato e complicado, tanto para quem mora como para quem vem visitar ou faz entregas na região, pois com frequência pessoas se perdem e encomendas são extraviadas”, relata a moradora, que conta também que já teve prejuízos financeiros devido ao problema.

“Já perdi a conta de vezes que liguei para companhia telefônica e lojas pedindo a 2° via de contas por motivo de atraso dos correios. Cansei de pagar juros de cartão”.

Mas o caso das ruas Primeiro de Janeiro não trouxeram somente problemas financeiros. Questões emocionais e morais ficaram abaladas com o inconveniente.

Neila conta que, por ser moradora antiga do bairro e ser muito conhecida por sua atuação na comunidade, as pessoas costumam devolver as correspondências dela.

No entanto, no caso de uma certa pessoa, a qual ela preferiu não citar o nome, a semente a discórdia foi plantada e talvez fosse melhor que o indivíduo nem devolvesse as cartas:

“Um determinado vizinho sempre entregava minhas correspondências abertas, ele tinha o péssimo hábito de ler minhas cartas e espalhar para a vizinhança assuntos pessoais meus, como dívidas. Nasceu, a partir deste desconforto, uma grande inimizade”, relata Caetano.

Vizinha de Neila e moradora da Rua Primeiro de Janeiro há pelo menos 21 anos, Raquel Serra também enfrentou transtornos similares. Ela que que, há alguns anos, fez a assinatura de uma revista para sua filha mais velha, Karolina que, à época, tinha acabado de completar 13 anos. O que era para ser um presente de aniversário se transformou-se em uma decepção:

“A Karol era muito fã da revista Witch mas, como não há bancas de jornal nas proximidades, achei mais conveniente assinar a publicação para presenteá-la. Todo mês minha filha aguardava ansiosamente pela revista de quadrinhos dela, mas raramente vinha. Era de partir o coração. Até hoje não tivemos sequer um sinal dos exemplares”, relata Serra.

Raquel também conta que conhece vizinhos que perderam oportunidades de emprego por não receberem telegramas.

“Teve uma vizinha que foi aprovada em um concurso, mas a carta de convocação dela nunca chegou. Provavelmente o carteiro se perdeu e entregou no lugar errado. Ela precisou entrar na justiça para pleitear a vaga dela”, comenta a moradora.

Indignada com todas as situações, Raquel decidira entrar em contato com um vereador da região para se orientar a respeito do caso. Mas não obteve êxito:

“Ele me respondeu simplesmente que nada poderia ser feito e que a culpa era unicamente dos Correios”.

Neila interrompe a conversa e acrescenta: “Segundo relatos de outros vizinhos que tentaram resolver o problema, os Correios falam que o assunto é responsabilidade da prefeitura., que nunca deu muita importância a esta questão. Sempre jogam a culpa um no outro, mas nada é resolvido”.

Até o fechamento deste texto, tanto a assessoria de imprensa do Correio quanto a da Prefeitura do Município de Duque de Caxias não se pronunciaram sobre o assunto.

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