Calma, amigo! Seu pet realmente precisa de calmantes ou tranquilizantes?
- Maria K. R. Silva
- 16 de set. de 2016
- 4 min de leitura
Saiba o que são estes medicamentos e quando eles são indicados
Dizem que o estresse é o mal do século, e nem os animais estão escapando. Mudanças, barulhos, clima, pessoas e outros bichos estranhos são exemplos do que pode afetar os estado emocional dos nossos amigos.
Por isso, muitas vezes, os responsáveis de cães e gatos recorrem ao uso de tranquilizantes ou, até mesmo, sedativos. Mas o uso indevido pode trazer sérias consequências.
“Assim como qualquer medicamento, calmantes e tranquilizantes possuem efeitos colaterais deletérios. Podemos citar a possibilidade hipotensão, alterações no funcionamento dos rins, mudanças severas de comportamento e óbito”, afirma a neurologista veterinária Natalia Zidan.

A especialista também esclarece que calmantes e tranquilizantes não são a mesma coisa. O primeiro é sinônimo de “sedativo” e tem a capacidade de diminuir a atividade cerebral do animal quando ele está extremamente agitado. Já os tranquilizantes, também chamados de ansiolíticos, são aqueles que ajudam a combater a ansiedade e a tensão, sem afetar tanto as funções psíquicas e motoras.
O anestesista veterinário Rafael Reimann complementa dizendo que existem vários tipos de sedativos e tranquilizantes, como antialérgicos, antidepressivos, fenotiazínicos, benzoadiazepínicos e barbitúricos.
Muitos desses medicamentos são comuns a nós, entretanto, um alerta: “Os animais podem até ingerir alguns medicamentos para humanos, mas há outros que não fazem efeito no organismo dos animais ou podem ter efeitos indesejáveis, como o animal ficar mais agitado do que o normal”, esclarece o profissional.
Segundo ele, o responsável pode detectar a necessidade do uso de tranquilizantes observando o quanto as manifestações de estresse causam desconforto ao animal. Já os sedativos são indicados, geralmente, em casos de viagens longas ou datas comemorativas barulhentas, com o uso de fogos de artifício, pois alguns animais entram em pânico.
Porém, é importante lembrar que quem deve orientar sobre o uso das medicações é o médico veterinário.
“O proprietário nunca deve seguir a indicação de leigos para administrar qualquer medicamento em seu animal, assim como fazê-lo por conta própria”, adverte o anestesista.
E a neurologista Natalia Zidan acrescenta: “O calmante ou tranquilizante ideal é escolhido após o animal ser avaliado minuciosamente. Serão levadas em consideração a presença de doenças preexistentes, interações farmacológicas com outros medicamentos, espécie, raça e idade”.
O anestesista também ressalta que os humanos têm grande influência sobre o comportamento dos animais, portanto, antes de medicar o animal, é importante levar esse fator em consideração.
Além disto, cabe lembrar a questão da personalidade: “Assim como cada ser humano é diferente do outro e reage de maneiras distintas, os animais nascem com características diversas. Para que cresçam saudáveis, além de alimentos e cuidados veterinários, eles precisam de socialização, contato com seres da mesma espécie e humanos, exercícios, passeios, atividades ao ar livre – ainda que na caixa de transporte, no caso dos gatos. Isso fará com que eles fiquem menos estressados e mais felizes”, orienta Reimann.
Hora da viagem - e da sedação
Na hora de viajar, muitas vezes, é necessário medicar o animal para que ele siga o trajeto tranquilo e sem traumas. Isto deve ser programado com antecedência e sob a supervisão de um médico veterinário.
O ideal é que a administração do sedativo também seja determinada previamente por um especialista. Em geral, táticas simples são indicadas, como misturar o medicamento na comida ou em algum alimento. Elas costumam funcionar, desde que o responsável certifique-se de que o animal ingeriu tudo.
“Caso não consiga medicar o animal, o médico veterinário deve ser informado imediatamente”, explica a neurologista Natalia Zidam. “A viagem só deve prosseguir após a orientação profissional.”
Também é importante o responsável do animal ficar atento ao tempo de ação do sedativo, que deve ser respeitado para que faça efeito e não estresse seu bichinho.
Medicamentos homeopáticos podem ser uma opção
Muitos acham que a homeopatia é uma espécie “medicina alternativa” e que não traz efeitos. Na verdade, ela é uma especialidade médica e exige uma pós-graduação de dois anos, além de ter leis que a fundamentam por mais de 200 anos.
Portanto, o uso de medicamentos homeopáticos pode ser uma boa alternativa para tratar animais agitados, ansiosos, medrosos ou agressivos.
A maior vantagem dos medicamentos homeopáticos é individualização para o paciente, ou seja, o tratamento é específico para cada indivíduo.
“O remédio vai agir no organismo como um todo, não em partes, equilibrando as funções orgânicas. A única desvantagem é a quantidade de opções de medicamentos. São em torno de duas mil, o que dificulta a escolha pela melhor indicação”, explica a veterinária homeopata Roselene Costa.
As substâncias utilizadas em medicamentos homeopáticos provêm dos reinos animal, mineral e vegetal e são ultra-diluídas e dinamizadas. As regras para a escolha são as mesmas que as dos medicamentos alopatas, aqueles que costumamos encontrar nas drogarias.
“A homeopatia é um método terapêutico que tem riscos e ações indesejáveis, assim como a alopatia. Qualquer tratamento, se mal conduzido, pode trazer efeitos colaterais. Porém, no caso dos medicamentos homeopáticos, estes efeitos são raros, transitórios e de fácil reversão”, esclarece a especialista.
“O limiar da sedação e da excitação varia de acordo com a substância, a dosagem e a absorção por parte do animal. Não é fácil escolher uma substância para usar como tranquilizante. Temos que modalizar de acordo com os sinais, sintomas e perfil do paciente”, pontua Costa.
A veterinária também ressalta que, apesar de terem ações sobre o organismo de pessoas e animais, florais, cápsulas fitoterápicas, ervas e chás, como o de erva-cidreira e camomila não são medicamentos homeopáticos. Antes de usar estes recursos, é essencial a orientação de um profissional.





















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