Quem deve ter vergonha?
- Maria Karolina
- 9 de fev. de 2015
- 2 min de leitura

Imagem: Flickr
“Quem deve ter vergonha sou eu”, lamenta Shirleyde Domingos, 29 anos, em relação a ser moradora de rua. Nascida e criada na cidade do Rio de Janeiro, a catadora de papelão perdeu sua casa, na Penha, devido a um incêndio em 2012. E, desde então, ela, o marido e seus dois filhos, de 3 e 6 anos, tem vivido nas ruas do Largo da Carioca. “Estou esperando o meu apartamento sair há dois anos, mas nada. Tenho recebido o aluguel social, mas com R$ 400 não dá para alugar nada”, conta. “Ou você aluga ou você banca a comida dos seus meninos. Então, prefiro ficar na rua para poder dar algo melhor para os meus filhos.”
Shirleyde afirma que na rua se encontra tudo de ruim. Por isso, teme pela segurança das crianças: “Sozinha, ainda dá para sobreviver, mas com dois filhos na rua, as coisas ficam mais complicadas, pois você tem que tomar mais cuidado. Ainda bem que todos conhecem as crianças, mas procuro protege-los como posso”, explica. Desse modo, a moradora de rua procura orientá-los a não ficar muito longe dela e a não falar com estranhos.
Entretanto, é difícil vigiar as crianças enquanto ela e o marido, também catador de papelão, estão trabalhando, então, decidiu pôr os filhos na escola. Porém, sua filha mais velha, Cindy Kelly, foi afastada da escola por estar com piolho, enquanto o caçula, Natan Miguel, ainda não pode frequentar as aulas por estar aguardando uma cirurgia de hérnia de disco. “Ele tinha uma consulta marcada para hoje, mas foi adiada porque o médico não foi”, relata Shirleyde.
A catadora de papelão planeja arrumar um emprego melhor e encontrar um lar, mas enfrenta dificuldades por não ter o ensino fundamental completo. Portanto, suas maiores expectativas são seus filhos. “Quero que eles cresçam e sejam alguém na vida. Não quero que meus filhos passem pelo o que estou passando. Por isso, espero que Deus me dê saúde e uma vida longa para que eu possa criá-los e protegê-los.”
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